quinta-feira, 14 de julho de 2016

Hoje apresentamos a Poesia de Maria José de Oliveira Guimarães - Poetisa Escadense

 Preconceito de gênero

Ninguém pode aferir de verdade
Se uma pessoa se sente bem
Com o gênero que tem ao nascer
O mundo todo tenta a vida da pessoa moldar
No gênero que aos olhos deste deve afigurar
Mas, agonia tremenda sente a pessoa
Que está aprisionada a um corpo
Mas sente que em sua essência
Outro queria ostentar
Há sempre uma luta interior
De aceitação, de revelação
De o mundo contrário enfrentar
Ainda hoje há pessoas que hostilizam
Quem sua vontade em termo de gênero
Assume e se faz respeitar
Não pense que a empreitada
É leve sem mácula na alma intensificar
Mas, que mundo é esse
Que uma pessoa para ser plena
Não pode com seu próprio corpo
Fazer o que desejar?
Por isso a lei interveio
Para o preconceito frio e insensível
Poder a pessoa enfrentar
Se o importante é o ser
Sentir-se completo no âmbito do gênero
Que em seu âmago se afirmou.

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Urgência


Tenho a urgência dos que são finitos
E não podem calar diante da dor,
Dor dos que sofrem pelo descaso
E pela falta de amor
Dos que morrendo de fome
Aguardam um gesto, um pão
Que lhes garanta ao menos mais um dia
Para quem sabe num outro dia
Essa agonia seja abrandada de vez
Urgência de ver um mundo
Onde todas as pessoas tenham respeito
Pelo simples fato de todos sermos humanos
Por isso implícita a condição de compreensão
Ainda nessa urgência cabem tantas súplicas
Que revelam a agonia de num mundo
Gélido viver
Onde pessoas matam outras
Sem nenhum objetivo ter
Urgência de entender a apatia
Dos que podiam agir
E fingem que com eles
Aquilo não tem nada a ver
Urgência que ainda em vida
Pois, sinto-me muitas vezes
Como uma voz com poucos seguidores
Tomemos a dor alheia
Tornando-lhe digno o seu viver

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O morador de rua


Tanto se deve desiludir
E oportunidades não ter
Ou as deixar perder
Uma pessoa que na rua mora
Transeuntes passam e a ela nem notam
Alguns pensam serem marginais
Fogem e eximem-se
De conhecer suas histórias
O pior de tudo é a baixa autoestima
O estigma
Quando alguma elo social
Tenta travar
Eis a dor psicológica brutal
De assumir para o outro
Que não tem um teto para se abrigar
Seus objetos, coisas íntimas
São expostos, às vezes por outros afanados
Ora, isso é o mínimo
Para quem na vida
É gente sem ter os requisitos básicos
Para sê-lo
Alguns noticiários nos surpreendem
E um deles se torna famoso
De  apesar de nada possuir
Num esforço descomunal
Quebra a estatística
E se resplandece como um artista
Ou um trabalhador
Que rompeu a barreira
Da frieza, do descaso, do autoflagelo
Muitas vezes nas ruas perdidas
Estão verdadeiros gênios
Em várias áreas do conhecimento
Mas que perderam o elo consigo mesmo
E nas ruas acham que o mundo também
O elo com ele perderá
Desilusão, desamor, dor
Até quando vai suportar?

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Quando o amor é sublimado


Um amor por uma só pessoa
Carnal, platônico, idealista de alma gêmea
Mas, se somo finitos,
Tudo tem fim
Não digo que só pela morte
Isso possa vir
As contingências da vida
Para não machucar, interferir, até macular
A vida de inocentes
Faz um amor (sim) ser sublimado
E em algo forte e bom para a humanidade
Ser direcionado
Aquele amor que tanta completude
A ambos trouxe
Agora paira em cada um sozinho
Não é morte do sentimento
Tão somente solução para as circunstâncias
No caso formou cofre de lembranças vivas
Que quando qualquer dos dois
Triste e perdido estiver
Pode dele desfrutar
E no íntimo se regozijar
E para seu próximo revelar
Plena alegria, amor e sensibilidade
Eis a força de um amor sublimado!


Nome: Maria José de Oliveira Guimarães

Escadense - reside em Recife

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