sábado, 30 de maio de 2015

Livro à Venda

Para quem ainda não adquiriu seu exemplar do livro do Poeta Adriano Sales , o mesmo está sendo vendido no FOTO RODRIGUES no Centro de Escada, pelo valor de R$ 25,00. Compre já o seu e desfrute de uma leitura deliciosa que vai fazer você viajar pelas entrelinhas da poesia.

Texto do nobre confrade Anchieta Antunes

T R A N S F E R Ê N C I A
        
Para o leitor ávido, os olhos são glutões insaciáveis: de  aprendizado, de geografia, de pequenas incursões nos recantos bucólicos ou boêmios das grandes cidades, dos parques onde as pessoas gastam seu tempo livre passeando a vista pelas palmeiras, pelos beijos dos enamorados, pelos peixinhos que nadam na pequena lagoa ao lado,  e  onde o  passante ausente de sua estória, vai beber na taça da memória.
         Quando leio isolo-me do mundo, e quando a vida me chama para a realidade, geralmente tomo um susto. Não digo que fico dentro de mim, porque sei que me transporto  para as páginas, para as palavras que divulgam histórias, que passeiam entre o turbilhão de passageiros do tempo, que entram em lojas e botequins, que invadem a existência de outras pessoas. O livro é e será eternamente um invasor de privacidades; ele procura a verdade onde a mentira se esconde, onde a vergonha toma banho de chuva na goteira da garagem.
         Adoro viajar sem sair do conforto de minha casa. Conheço grande parte do mundo, e de cidades que nem sabia que existiam, de Conventos, Mosteiros, Catedrais e Cassinos que preenchem espaços nobres para os turistas visitarem, para os de casa santificarem, e para o povo respeitar nas beiras de suas estradas.
Naquela tarde chovia todas as chuvas do aqüífero do firmamento, como se quisesse lavar os pés dos querubins que andam descalços pisando nas nuvens. Saí correndo para buscar um médico que viesse ajudar a pobre infeliz que chorava de tanta dor no abdômen. Debaixo de chuva, todo molhado, procurando um taxi que me salvasse da enxurrada, e diminuísse o tempo de espera da mulher; mulher esta que eu nem conhecia, que nunca tinha visto na minha frente.
         Passei correndo por outro pingüim, pingando medo do temporal, com os olhos arregalados, a boca aberta e o espírito beligerante.
         _Onde fica o hospital? Perguntei gritando àquele menino assustado.
         _Fica logo ali, dobre na primeira rua à esquerda e vai ver o letreiro iluminado.
O “logo ali” estava muito distante, e percebi que o danadinho do menino estava caçoando de mim, mesmo assustado e debaixo de chuva, escorrido como um pinto, e riscado de relâmpagos, queria pregar-me uma peça nas pregas das procelas.
         Até o hospital devia ter mais ou menos uns 800 metros para eu correr em ruas alagadas, com medo de cair numa boca de lobo, e desaparecer para sempre. Não podia parar, a urgência era  levar o médico para atender a parturiente deitada na calçada, molhada, sozinha, esperando ouvir o grito de seu bebê.
         Quando cheguei ao Pronto Socorro, ninguém me deu atenção: estava todo molhado, sujo, com um pé sem o sapato (onde será que ficou meu sapato?), os olhos pingando desespero através dos óculos, a agonia de pensar na pobre mulher abandonada, sem poder fazer nada para ajudá-la.
         Finalmente uma enfermeira me perguntou:_O que você quer menino?
         _Não sou menino, e preciso de um médico urgente...
         _Tá doente de que? Diga logo, não temos tempo a perder!
         _Não sou eu, é uma pobre mulher deitada na calçada, lavada de sangue, sentindo as dores do parto.
         _Se é parto, não é sangue. Fique tranqüilo, a ambulância já vai  buscá-la para o Hospital.
         _Eu tenho que ir na ambulância, pois só eu sei onde a miserável está deitada, deitada não, derrubada pela dor.
        
         E assim eu terminei de ler aquele capítulo e fiquei imaginando a cena toda, como se dela fizesse parte. Senti que havia me transferido para as paginas do romance; não estava mais na minha cama, confortavelmente deitado, com a janela aberta, o vento soprando nos meus hemisférios. Estava sim, na chuva, maltrapilho, exausto, indignado com os acontecimentos que nos atropelam sem aviso prévio. Eu fazia parte da dor do parto, do grito do nenê, da vida que acabava de chegar sob aquela chuva torrencial, acompanhado da orquestra celestial: os trovões.
Quando acordo, preparo-me para mais um dia de trabalhos corriqueiros que uma casa admite incessantemente. Começo com coisas leves como regar o jardim, molhar as plantas que estão sob teto, colocar água para o cachorro, comprar o pão para o café da manhã. Faço essas pequenas obrigações sempre pensando no livro que estou lendo. O fato é que sempre estou lendo um livro; não posso parar. Terminei um e já começo outro que deixo na minha mesinha de cabeceira. Este é o meu melhor vício, o meu outro lado que só os livros conhecem.
Sou viciado no vício do aprendizado, vivo atolado na orgia dos filósofos, atropelo o não saber, sem nem mesmo saber por que”, acostumado que estou a ler e aprender. Minha missão é espalhar pelos quatro cantos do mundo a linda silhueta da cultura, o arcabouço da verdade literária, a escultura da forma melhor de se olhar para um texto e dele absorver  seu mais perfeito conteúdo: “a gloriosa arte da interpretação”.
Quando brincava no Ingá do Bacamarte – PB – ficava com inveja dos meninos que chegavam para a escola, (em frente da casa de meu cunhado Elino Torquato) montados em seus cavalos. Ficava danado porque morava de cara com a escola. Aquilo não era vantagem nenhuma, não podia ir estudar,  montado no meu alazão. Aprender sempre é muito  bom, melhor ainda é antes do aprendizado, cavalgar no galope dos sonhos que enchem as cabeças dos imberbes, atravessar campos de gira-sóis que procuram o astro para alimentarem-se de vida, uma autêntica súplica do vegetal que gorjeia  deitado nos raios solares. Observar é aprender, ler é desfrutar de uma narrativa, quando o escrevinhador é um bom contador de histórias.
No Ingá eu era menino, hoje sou um velho menino, ainda apaixonado pela leitura, pelos livros, por contos, poesias e crônicas. Continuo sendo arrebatado por duas ou mais letras ajuntadas formando sentido e lógica, empenho e louvor, gracejo supimpa e envolvente, como acontece com os cordéis nordestinos. Quando começo a ouvir um cordel tenho vontade de dormir em cima do sono, sem tirar os olhos fechados de “arriba” do cordelista.
No átrio da praça, quando  me preparo para ler em voz alta, meu peito infla de satisfação por ver as pessoas começarem a se aglomerar para ouvir a palavra do autor (qualquer que seja), em forma de mensagem otimista para aliviar as penas de todos os dias. Tenho que gritar para o mundo inteiro escutar, para minha palavra entrar nas palhoças, nos barracos analfabetos, nas reuniões políticas,  nas maternidades onde as crias dão seus primeiros gritos de independência,  Onde quer que a palavra falada possa estar presente, vibrante, e paternalista.
Uma vez, na volta de minha ida, encontrei um fedelho com uma revistinha nas mãos, e perguntei: _ Tá lendo esta revistinha, meu filho?
_Tô não dotô, num sei lê!
_Quem lhe deu esta revista de quadrinhos?
_Foi um homi que passou por aqui indagorinha!
_Você tem vontade de aprender a ler?
_É só o que quero da vida,  o sinhô pode me ensinar? AGORINHA? Neste instante? Vou poder ler esta revista que gosto tanto de olhar pra ela, sem saber o que está escrito! Quero transformar minha vida de pobre, em vida rica de leitor, e garanto ao sinhô que nunca mais vou parar de ler, de ler tudo que aparecer na minha frente. Posso garantir. Pudemo começar agora?                            POR   FAVOR???
Esta avidez por leitura afogava a alma daquele menino sem que ele soubesse o motivo de suas angústias. Esta historinha é parecida com milhões ao redor do nosso mundo cheio de cicatrizes de ignorância.
Outro dia, sem nem mesmo pensar no que ia fazer, vi-me no Engenho do Coronel Zé Paulino, brincando com Carlos. Corríamos como uns desesperados por aquelas terras sem fim. Carlos Melo era neto do Coronel, homem de garras firmes, de uma só palavra, um verdadeiro deus naquelas redondezas. Ele adorava o neto Carlos, órfão de mãe, e com o pai preso por ter matado a mãe do meu amigo. Carlinhos ainda sofria com a perda repentina da mãe, em circunstancias tão desastrosas.
         Quando o Rio Paraíba anunciou a cheia, os moradores do engenho ficaram apavorados, pois conheciam a história de outras enchentes daquele rio medonho. A água subia a ribanceira como se aquele fosse o seu leito eterno, com uma força esmagadora, com vontade de destruir tudo o que encontrasse pela frente. E foi destruindo mesmo, não ficou nada inteiro, ou no mesmo lugar. A cama de Dona Mocinha foi encontrada, dias depois, a dois quilômetros de distancia. A água chegou a lavar a varanda da casa grande, e só não entrou na casa, porque o velho havia mandado construir  com um metro de altura do solo. Foi a sorte. Aquele rio já fez muitos estragos na sua eterna vida de sertão. (Menino do Engenho – José Lins do Rego)
        
Quando voltei pra vida estava suando de pavor, com aquela cheia traiçoeira, e novamente eu havia me transferido para o romance do nosso querido José Lins do Rego, paraibano de boa cepa.
         Assim é a leitura, quando nos entusiasmamos com a história, ou com a poesia. As paginas transferem-se para dentro de nós, para fazermos parte da inspiração do autor. A este  fenômeno eu chamo de:
                             “A  MAGIA   DA  LEITURA”

         Quase sempre fico extasiado com o que leio, quando desfruto dos grandes autores, mesmo os desconhecidos da mídia. Temos milhares de brilhantes escritores anônimos, com dificuldade de publicar suas obras por falta de dinheiro, por escassez de oportunidades, porque não contamos com o apoio do governo central, tão ignorante quanto aquele menino da revistinha; a única diferença é que o menino aprendeu a ler...
                           

Transfiro-me para o livro,
ou
ele se transfere para mim?



Anchieta Antunes
Gravatá – 21/05/2015. 

segunda-feira, 25 de maio de 2015

1º Lançamento do Livro: "Eu Poesias em Vias" do Poeta, Escritor e Psicanalista Adriano Sales

O Escritor, Poeta e Psicanalista Adriano Sales, lançou no 5º aniversário da Academia Escadense de Letras, o livro: “Eu Poesias em Vias” – 
Nossas felicitações ao nobre escritor.

***Biografia:

Nascido em Palmares-PE, cresceu nas ruas calmas do Bairro do Coqueiro, na cidade de Escada-PE. A década de 80, mascou muito a sua vida infantil, tempo pacato em que junto com amigos jogava bola descalço nas ruas, correndo para todos os lados mostrando saúde de ferro.

Estudou o ensino fundamental na Escola Barão de Suassuna – também conhecido como grupo escolar - ; Iniciou o ginásio na então Escola Municipal Ministro Eraldo Gueiros Leite, onde seguiu até o segundo grau técnico em contabilidade. Migrou antes da finalização do curso para a Escola Professor Eraldo Campos onde se formou em administração de empresas.
Iniciou sua vida acadêmica da Faculdade Mauricio de Nassau ingressando no curso de bacharel em direito, interrompido o curso, finalizou sua graduação no curso de logística na Faculdade Boa Viagem. Psicanalista pela ABEPE – Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco, também atua como diretor de Comunicação da Academia Escadense de Letras, entidade em que ocupa a posição de Acadêmico Efetivo na Cadeira nº 06 tendo como patrono Josué de Castro.