quinta-feira, 25 de junho de 2015
sábado, 20 de junho de 2015
Todo dia é dia das mães. Texto do nobre confrade Anchieta Antunes
Mãe...
Estou
aqui...
Quando eu era
pequeno passava o dia todo correndo de um lado pro outro, subindo na mangueira,
chupando manga tirada com a mão, escanchado no galho, balançando as pernas, o
cabelo voando com o vento fresco da manhã, o rosto todo sujo de
carne de manga; as mãos? Nem me fale! Um horror; ou seja, eu era menino
mesmo, com todas as prerrogativas de uma criança solta no campo. Vivia sujo
porque corria descalço, rolava na ribanceira do rio, tomava banho com roupa e
tudo, e saia mais sujo do que quando entrava. Às vezes apareciam outros meninos
da redondeza, e nós brincávamos de todas as maluquices inimagináveis, que só
acontece na cabeça vazia de crianças.
Com a minha baladeira, eu corria pro
bosque perto de casa, para matar passarinho. O pobre do passarinho não servia
pra nada de tão pequeno. Era só pelo prazer de matar o bichinho. Que maldade!
Acontece que criança não tem maldade, mas sim, curiosidade, necessidade de
descobertas, de aprendizado com a vida a céu aberto. Todo menino é um
cientista, e o laboratório é o mundo ao seu redor. Assim ele aprende a ser
adulto, a ter responsabilidade e se casar com uma futura mãe.
Minha mãe, coitada, passava o dia
cuidando da casa e dos meus irmãos – 6 – comigo _ 7 _ .
_Meu filho, por que você mata
passarinho?
_Porque gosto, ora!
_Gosta de matar?
_Não! Gosto de matar passarinho...
_Mas eles não servem pra nada, a não
ser para enfeitar a natureza com seus vôos rasantes nos campos, para cantar,
criar seus filhotes e ser feliz como todo passarinho deve ser. Por favor, pense
um pouquinho, e não mate mais passarinhos. Eles são lindos e festivos. Deixe-os
viver como Deus mandou.
Ta bom! Vou ver o que posso fazer! Não
prometo nada...
No outro dia já estava com a baladeira
em punho olhando para os galhos das árvores, à procura de um descuidado cantor
das alvoradas; os seresteiros diurnos.
Uma mãe, e cada uma delas, é a parcela
mais importante da humanidade.
Uma vez, correndo no campo, desembalado
como um cavalo crioulo caí, e me machuquei; um machucado feio, e estava
distante de casa, mas eu sabia que mamãe tinha ouvido minha queda e logo viria
em meu socorro. Mãe ouve o gemido do filho a quilômetros de distancia, porque
ouve com o amor, com o coração, com a pele; o sexto sentido da mãe é o amor, o
sétimo, a dedicação e o desvelo, o oitavo, a fera guardada em si para proteger
seus rebentos; uma mãe protetora é mais perigosa que um gladiador, mais alerta
que um animal selvagem acuado, mais mãe que antes e depois.
Quando ela chegou eu já havia
conseguido ficar de pé, e assim mesmo ela me colocou nos braços e me levou até
em casa. Não tenho a menor idéia de como ela conseguiu me levar nos braços até
minha cama! Era longe e ela é magrinha, com as pernas fininhas feitas de um aço
chamado coragem e proteção. Hercules
estava ao lado dela... Hercules não! O anjo da guarda; não tem outra
explicação... ou foi apenas o “instinto materno?”.
Quando qualquer irmão meu adoecia,
mamãe passava a noite acordada ao lado da cama, olhando, zelando, medindo a
temperatura como se fosse uma grande médica, e quando o dia amanhecia nosso
café da manhã estava na mesa e ela insistindo para comermos alguma coisa.
Continuava trabalhando como se tivesse tido uma longa e maravilhosa noite de
sono restaurador. Que nada! Tinha sete filhos para cuidar; descanso é para quem
não é mãe.
Meu pai trabalhava na cidade o dia todo
e só chegava em casa de noitezinha, cansado e sujo; um banho, uma roupa limpa e
comida no estômago. Quem preparou o
jantar? Mamãe, ora! Quem mais?
Mãe não é só mãe, é esposa,
companheira, amante, dona de casa, é pau pra toda obra, para varrer, lavar,
passar, cozinhar, arrumar. É eletricista, encanadora, professora, leitora,
ajuda os filhos com as tarefas de casa. Minha mãe me ajudava com minhas tarefas
de inglês, logo ela que mal sabia ler e desenhar o nome dela, alisando o papel
como se fosse uma tela onde o pintor (ela) deixaria sua obra prima para a
eternidade, ou seja, cada mãe é um gigante despercebida na
multidão de homens fortes e mandões.
O mais importante é quando uma mulher tem
que se preparar para ser mãe; vai para uma maternidade sofrer as primeiras
dores da dedicação com o rebento. Eu, homem forte e orgulhoso, já chorei em uma
cadeira de dentista. Uma mulher hurra na mesa de parto, chora a dor da
maternidade, e logo em seguida amamenta a cria com o maior dos amores, como se
conhecesse aquela criaturinha por toda sua vida, aquele pimpolho que acabou de
ingressar na vida da mãe, da família, agora constituída.
Dor! Que dor? Não lembro de dor
nenhuma!
Um casal sem filho é um estado civil
bem parecido com uma família... mas, quando nasce o primeiro filho, aí sim,
transforma-se, ainda na maternidade, em uma família de verdade.
Um pai viúvo com um filho não passa de
um pai com o filho...
Uma mãe com um filho, é uma família.
_Quem são os vizinhos?
_Uma
família que veio do interior.
_E o dono da casa quem é? Já apareceu?
_Não! Ela é viúva. É ela e o filho, por
sinal muito educado!
Uma mãe, onde quer que esteja é uma
família, uma grande partícula do universo, a seiva que rega a terra gerando
rebentos, que procria, que cuida e preserva, que gera, gere e regenera.
E o comerciante criou o “DIA DAS
MÃES” que piada!!!
O
dia da mãe é a soma dos 365 dias do ano. Mãe não tem dia, ao contrario, os dias
só existem porque as mães estão presentes em todos os seus momentos.
Seja
feliz sempre minha mãe, minhas mães, todas as mães, um universo de sabedoria e
zelo.
Anchieta Antunes
Gravatá –
09/05/2015.
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